Introdução
Foi em 1858 que Charles Darwin
apresentou a teoria da seleção natural das espécies. Pela primeira vez na
história um estudioso apresentava uma hipótese racional e materialista sobre a
evolução e expunha um novo ponto de vista para a origem do ser humano, causando
grande polêmica, na medida em que sua teoria se contrapunha ás teses
teológicas, que atribuíam ao homem uma origem divina.
Darwin estudou teologia na
Universidade de Cambridge e posteriormente embarcou no navio Beagle, rumo a
América do Sul, passando ainda pela África do Sul, Austrália e Nova Zelândia,
numa viagem de três anos, durante os quais observou que a fauna das distintas
ilhas era similar, ainda que existissem variações muito significativas. Depois
de um exaustivo trabalho empírico, supôs que as espécies não são imutáveis e
que podem sofrer mudanças para sobreviver e se adaptar melhor ao meio.
Teoria
A partir de 1838 Darwin, deu
forma a uma teoria sobre a evolução dos seres vivos, incluindo a ideia de
“seleção natural”, segundo as quais só sobreviviam os indivíduos de uma mesma
espécie que sofriam mutações para se adaptar às mudanças da natureza, que eram
incorporadas pelas gerações seguintes, possibilitando a continuidade de sua
existência e sua evolução, incluindo os seres humanos.
No final de 1859, foi publicada a
obra “A Origem das Espécies”, cuja primeira edição se esgotou num dia. As ideias
apresentadas na obra criaram grande polêmica, que alcançou grande dimensão
devido ao destaque dado pela imprensa, ampliando a repercussão fora do âmbito
acadêmico. Apesar da agitação criada a partir da mídia, a comunidade científica
valorizou suas ideias, que estavam bem argumentadas com uma sólida base de
observações empíricas. A polêmica envolveu uma sociedade marcada pelo
conservadorismo, determinado pela forte influência das concepções religiosas e
do moralismo da época, que se recusava a aceitar sua visão científica.
Em 1871, Darwin publicou A origem
do homem e a seleção natural. Ainda que a obra anterior - A origem das espécies
- lhe parecesse suficiente para compreender a origem do homem e seu
desenvolvimento, procurou satisfazer uma parte importante dos naturalistas que
admitiam como princípio a seleção natural. Com essa nova obra, Darwin tratou de
três problemas fundamentais. Primeiro: precede o homem, como qualquer outra
espécie, de outra forma preexistente? Segundo: como ocorreu a evolução humana?
Terceiro: como se explicam as diferenças entre os grupos humanos? Como Darwin
receava inicialmente, a publicação da sua obra provocou intensas polêmicas por
conta da hipótese de que o homem procedia de espécies inferiores e seu
antepassado mais próximo era o macaco.
O ensino
Se entre os biólogos e os
cientistas naturais a Teoria da Evolução é amplamente aceita e encontra pouca
resistência, essa teoria ainda é de difícil compreensão para parcela
significativa da população que, apesar de conhecer o trabalho de Darwin, a
seleção natural e a evolução das espécies, conhece superficialmente, ou seja,
de maneira preconceituosa e cheia de dúvidas. A falta de pesquisa e debate no
ensino faz com que existam lacunas, situações não explicadas, portanto, não
muito claras para os estudantes, que acham estranho ou desagradável descender
de macacos e por isso passam a desconfiar, ou a não aceitar a Teoria da Evolução.
“Quando se ensina a Teoria Sintética da Evolução é necessário explicar
corretamente os conceitos, para que se perceba que homens e macacos tiveram um
ancestral comum, não exatamente um macaco, mas um primata”.
Criacionismo
Os criacionistas, grupo que apoia
a visão bíblica de que Deus criou o mundo em seis dias há aproximadamente 6 mil
anos, já investiram várias vezes contra a teoria de Darwin.
No entanto, nos últimos anos, os
criacionistas deixaram de lado o discurso radical fundamentalista,
tradicionalmente feito por religiosos que bradavam seus dogmas erguendo a
bíblia, e os substituíram por uma teoria que se mostra mais racional e menos
dogmática.
A Teoria do Plano Inteligente
(IDT) é a forma de criacionismo mais recente, considerada mais sofisticada e
que se apresenta com menor vigor religiosa, preocupada em contestar a teoria
evolucionista, utilizando um discurso científico. Essa teoria nasceu no
Discovery Institute de Seattle, um centro conservador inaugurado em 1990. Os
defensores modernos do criacionismo procuram se colocar no campo do debate
científico, mas ao mesmo tempo se consideram como uma “ponte entre ciência e
religião”, não escondendo a base religiosa da teoria em questão.
A mais recente polêmica ocorreu
no Kansas (EUA), numa disputa jurídica quanto ao ensino sobre a origem da vida
nas escolas. Nos últimos anos, numa séria de questões polêmicas – que incluí a
eleição presidencial – nos Estados Unidos, e não apenas no debate sobre a
criação, destaca-se a recuperação da influência do fundamentalismo religioso no
país.
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