A Mata Atlântica é uma grande
extensão vegetal localizada no Brasil, Paraguai e Argentina. No território
nacional ocupava aproximadamente 17 estados brasileiros, mas hoje está presente
em apenas 104 mil km², que se estende pelos estados de Goiás, Espírito Santo,
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e São Paulo.
A fauna da Floresta Atlântica
representa uma das mais ricas em diversidade de espécies e está entre as cinco
regiões do mundo que possuem o maior número de espécies endêmicas. Está
intimamente relacionada com a vegetação, tendo uma grande importância na
polinização de flores, e dispersão de frutos e sementes. A precariedade dos
levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua descrição e análise
mais difícil que no caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da carência de
informações para alguns grupos taxonômicos, estudos comprovam uma diversidade
bastante alta.
Entre as cinco florestas com
maior biodiversidade do mundo, hoje a Mata Atlântica sofre com o corte ilegal
de árvores, especulação imobiliária, tráfico de animais e poluição ambiental, o
que tem provocado grande risco de desaparecimento das espécies.
A relação entre animais e plantas
A relação entre animais e plantas
da Mata Atlântica é bastante harmônica. O fornecimento de alimento ao animal em
troca do auxílio na perpetuação de uma espécie vegetal é bastante comum. As
plantas com flores e seus polinizadores foram adaptando hábitos e necessidades
ao longo de milhões de anos de convívio.
Flores grandes e coloridas atraem
muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para
atrair moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que
três a cada quatro espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersadas por
animais, principalmente por aves e mamíferos, que alimentam-se de frutos e
defecam as sementes ou as eliminam antes da ingestão.
Pássaros frugívoros possuem
grande percepção visual e se alimentam de sementes muitas vezes bem pequenas.
Jacarés e lagartos aproveitam os frutos caídos no chão e mamíferos como os
macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos
No final do Pleistoceno, com a
extinção maciça dos animais gigantes, a fauna brasileira de mamíferos
terrestres foi empobrecida, mas a variedade de espécies de pequeno porte se
manteve.
A Mata Atlântica possui 250
espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas, com a possibilidade de existirem
diversas espécies desconhecidas. São os componentes da fauna que mais sofreram
com os vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de
algumas espécies em certos locais.
Há uma grande quantidade de
roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não ser tão rica em primatas
quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies (Adams, 2000).
Aves
A Mata Atlântica apresenta uma
das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies. É um
importante centro de endemismo, com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de
extinção. Estas espécies encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de
hábitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies. Um dos
grupos que corre maior risco de extinção é o das aves de rapina (gaviões, por
exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão sofrendo uma drástica
redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela caça, como é
o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos)
(Por, 1992).
Anfíbios
Com hábitos predominantemente
noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis em seu ambiente natural, os
anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos. Exploram praticamente
todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas altamente
diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na
cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a
diversificação biológica e seu sucesso evolutivo.
Em relação aos anuros (sapos, rãs
e pererecas), um ecossistema bastante importante é o conhecido "copo"
das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e local para
reprodução de algumas espécies.
A Mata Atlântica concentra 370
espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas,
90 são endêmicas, evidenciando a importância deste grupo.
Répteis
Em relação à fauna de répteis,
grande parte apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras
formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto, são
conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-papo-amarelo
(Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma
comparação entre os répteis da Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos
Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou que a Mata Atlântica possui 150
espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos Andes e 18 são de
larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica é
bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas.
(Por, 1992)
Peixes
Os ecossistemas aquáticos da Mata
Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito variada, associada de forma
íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento. ( MMA, 2000)
O número total de espécies de
peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de
endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em área isolada das
demais bacias hidrográficas brasileiras. (MMA, 2000)
A maior parte dos rios
encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares,
erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante
tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida. Nos rios da mata
ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de
vida, principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores
(Adams, 2000), contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para
a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático.
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